Icnofósseis: um passeio ao passado

Um caminho na pedra para compreender o passado da Terra

ICNOFÓSSIL (grego íkhnos, -eos, rasto, pegada, pé, planta do pé, palma da mão + fóssil)
Sinalética junto à rocha do Portelo

A propósito da notícia do Observador que dava conta da descoberta de fósseis no nosso concelho, lembrámo-nos de recordar aqui dois locais fantásticos: o Portelo do Muradal e a pedreira da Penha Alta.

Não é novidade que o território à nossa volta é rico em fósseis e em património geológico. Por isso mesmo, faz parte do Geopark Naturtejo.

A imponente paisagem do Muradal faz-se de cristas de quartzo que furam a terra e que insistem em resistir ao tempo.

Penha Alta

É nessas paredes de quartzo que ficaram marcados inúmeros “icnofósseis”, registos da passagem de organismos, vermes e pequenos animais.

É visível em toda a rocha a atividade de organismos vermiformes (cujo nome científico é “Daedalus”) que, segundo os paleontólogos é uma das mais intrigantes formas que se encontram nas rochas quartzíticas e que viveram há 443 milhões de anos. Estes organismos criaram galerias cilíndricas que desenham padrões em espiral na face da pedra e que se prolongam para o seu interior.

Pormenor dos icnofósseis

Para chegar à Serra do Muradal a partir do CampingOleiros, deve tomar a EN238 com direção à localidade do Estreito (15kms). Esta localidade é um excelente ponto de partida para percorrer a GR-38 Grande Rota Muradal – Pangeia que evoca locais de interesse geológico ao longo de 38 kms. No painel evocativo pode ler-se que “A Grande Rota Muradal Pangeia é um percurso que enaltece a montanha quartzítica do Muradal e evoca o supercontinente Pangeia, que existiu até há 200 milhões de anos, do qual esta região do Maciço Ibérico faz parte.

Devido à extensão da GR 38, recomendamos que opte por fazê-la por partes. Neste texto, vamos apenas dedicar-nos a dois dos sítios mais emblemáticos, marcados pela presença de fósseis facilmente observáveis e de fácil acesso pelo público.

Geossítio da Penha Alta

No Estreito, siga em direção a Castelo Branco até ao ponto mais panorâmico da Serra do Muradal. Com a crista da Penha Alta à vista, siga pelo estradão de terra que acompanha as eólicas.

Vista do Muradal

Junto à Penha Alta, o interior de uma pedreira desativada apresenta paredes verticais marcadas por icnofósseis bastante visíveis, mesmo para quem não tem muito conhecimento de geologia.

Cruziana furcifera na Pedreira da Penha Alta

Aconselhamos ainda que suba ao alto da crista da Penha Alta. As vistas são de cortar a respiração! Estendem-se a leste até Espanha e são também visíveis as formações rochosas junto ao Tejo, em Ródão.

Geossítio do Portelo

Continuando pelo estradão de terra batida o ponto de interesse seguinte é o bloco rochoso do Portelo. Numa das faces existe uma estrutura de madeira que lhe permite observar os icnofósseis bem de perto e um painel informativo.

Portelo

Existe ainda um aspeto curioso e que põe à prova a nossa capacidade de imaginação. Porque existem estes vestígios nestes locais? A resposta dos palentólogos é unânime. Há mais de 400 milhões de anos isto foi uma praia! E foi nas areias da praia que estas criaturas agora extintas se moveram e escavaram os seus túneis e galerias. O que chegou até nós foi o registo dessas formas de vida tão diferentes do ambiente atual de serra interior.

Custa a imaginar, não custa? 🙂

Nota: temos no parque toda a informação disponível que necessita para descobrir estes locais. 😉